Expedição pelo Rio Caratinga: resgatando a cultura e identidade de uma bacia fragilizada


8 out/2025

Em seis dias de jornada, representantes e parceiros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Caratinga percorreram mais de 10 municípios e 222 quilômetros durante a 1ª Expedição pelo Rio Caratinga, que revelou histórias, territórios e modos de vida de comunidades ribeirinhas que dependem fundamentalmente do manancial. A jornada não apenas mapeou a geografia física do rio, mas trouxe à luz a rica identidade cultural e social das comunidades por ele sustentadas, para destacar a importância da sua preservação. 

A expedição foi organizada pelo CBH Caratinga, com a colaboração do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). O encerramento se deu no último sábado, 4 de outubro, no trecho que marca o encontro das águas do Caratinga com o Doce, em Conselheiro Pena. O objetivo foi unir cientistas, ambientalistas, educadores e moradores em torno de um diagnóstico dos mananciais, coletar dados sobre a qualidade da água e mobilizar comunidades em prol da revitalização da bacia. “É um projeto que busca a revitalização da bacia hidrográfica do rio Caratinga, que tem relevância nacional, e foi abraçado pelas comunidades”, ressaltou o presidente do CBH Caratinga, Thalles Castilho. 

Para permitir a formulação de políticas públicas baseadas em evidências, a expedição contou com a colaboração da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). A partir dos dados coletados, serão estudados parâmetros hidrológicos, qualidade da água e identificação de fontes poluidoras. 

Uma bacia castigada por danos ambientais 

De acordo com Thalles , a expedição revelou um cenário preocupante, mas, também, muitas oportunidades. Por um lado, há um grande potencial turístico na bacia que permanece inaproveitado. Por outro, o território enfrenta problemas graves como erosões, produção excessiva de sedimentos e desmoronamentos em áreas de maior declive.  “Esse é um dos objetivos da expedição: ver de perto as condições da bacia e coletar dados. Assim, o Comitê pode identificar quais pontos precisam de um olhar especial e de investimentos em prol da qualidade e quantidade da água”, disse Thalles.  

Expedições como ferramentas para Educação Ambiental  

A construção do roteiro da Expedição pelo Rio Caratinga contou com o apoio do conselheiro do CBH Piracicaba Geraldo Magela (Dindão), idealizador da Expedição Piracicaba. Para ele, a realização da Expedição pelo Rio Caratinga é a concretização de um sonho que carrega grande significado. “Sonhar com essa expedição e vê-la se tornar realidade é algo de enorme importância — para a cultura, para o rio, para a região, para a história, para o conhecimento científico e para a qualidade de nossas águas. Nosso objetivo é levar o mesmo modelo para todos os rios afluentes do Doce. Já está provado que a expedição é a melhor ferramenta de mobilização social em prol dos rios”, afirmou. 

Além do caráter social, a Expedição pelo Rio Caratinga será objeto de estudo científico. “Desde 2024, participo das reuniões do CBH Caratinga, pois desenvolvo atualmente uma tese sobre educação ambiental na Bacia Hidrográfica do Rio Caratinga. Agora é colocar tudo no papel e desenvolver o estudo, pois temos muito material produzido, ou seja, a nossa jornada não acaba aqui”, observou Fani Patrocínio, uma das organizadoras da expedição. 

Apoio 

A expedição contou com a colaboração do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, Polícia Militar de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (SEMAD/MG), Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Caratinga, Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA),  Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas (FMCBH), além de diversas ONG’s e entidades ligadas à preservação ambiental.  


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